
Aplausos para o camarão na moranga
O Aconchego Carioca é muito mais que um bar. Já extrapolou este conceito, cruzou fronteiras, ganhou o mundo e o que é melhor: sem perder a essência. Referência no Rio, a birosca nasceu em 2002, na Praça da Bandeira, onde hoje fica o Bar da Frente, e transformou uma área degradada, conhecida apenas pelas enchentes e por ser “a rua da delegacia”, num polo gastronômico que atrai gente de toda a cidade, do Brasil e do mundo.
A brincadeira começou com os irmãos Kátia e Paulo Barbosa, que atendem por Katita e Paulete, e Rosa Ledo, a ‘Tia Pink’. A comida farta e saborosa ganhou fama rapidamente, e não havia nenhum lugar no mundo onde se comesse um Baião de Dois e um Camarão na Moranga como no Aconchego.

O eterno e original bolinho de feijoada
A febre das cervejas artesanais, que hoje toma conta do país, começou no Rio por ali, onde Brahma, Antarctica e Skol – que merecem nosso respeito eterno – não se criavam.
Mas o Aconchego sempre foi muito mais do que isso. Tornou-se uma espécie de Túnel Rebouças da gastronomia carioca. Os irmãos abolicionistas que dão nome à obra que uniu a Zona Norte à Zona Sul do Rio, definem com perfeição o Aconchego. A Cidade Maravilhosa sempre foi, também, partida. Dividida.

Carne de sol pra lá de arretada
Raros eram aqueles que deixavam a Zona Norte para se arriscar num pé-sujo na Zona Sul. Havia um certo constrangimento. O inverso também é verdadeiro. O morador da Sul que atravessasse o túnel para comer na Norte, quase sempre nos portugueses de São Cristóvão e Benfica (Viva o Adonis), eram vistos quase como bandeirantes desbravadores.

Deixa Arder: pimenta recheada com carne seca!
A comida e o jeito simples de Kátia, no entanto, chegaram aos ouvidos de chefs consagrados como Claude Troisgros, que teve apenas o trabalho (eu diria prazer) de apresentá-la ao universo da alta gastronomia e ampliar o conceito do túnel, da cidade integrada através da boa mesa. Não precisava de mais nada. Bastava deixá-la cozinhar e falar meia dúzia de palavrões para notar que ali estava uma cozinheira genuinamente carioca, brasileira e apaixonada pelo que faz.

O ambiente aconchegante na Praça da Bandeira
Katia e sua cozinha ganharam o mundo. Prêmios que não acabam mais. O bolinho de feijoada, copiado em tudo que é lugar, virou marca registrada, gera emprego, renda (são 10 mil por mês) e muita história para contar.
Mas o melhor disso tudo é que o Baião de Dois, o Camarão na Moranga e a Katia velha de guerra continuam os mesmos, dando sentido a um lugar com o nome mais apropriado que já vimos: Aconchego. Um lugar com Alma de Bar.
A casa da Praça da Bandeira tem filiais no Leblon (21-2294-2913) e no Village Mall (21-3252-2691), na Barra da Tijuca.

Pimenta caprichada em tela brasileira
Aconchego Carioca. Rua Barão de Iguatemi 379, Praça da Bandeira. Tel.: (21) 2273-1035. Terça a Sábado, das 12h às 23h. Domingo, das 12h às 17h. Aceita todos os cartões. FB: @aconchego.carioca. Instagram: @aconchegocariocarj.